quarta-feira, 10 de agosto de 2011

a arte, o detalhe

Pensou garça, pato, corvo, aves todas, não, voar não lhe convinha, alto demais. Pensou vermes, lombrigas, minhocas, não, toscos demais, sem começo nem fim. Pensou árvores, carvalhos, tucaneiras, inhoçaras, jacarandás, não, fixas demais, verdes. Pensou pedras, diamantes, ametistas, metais, ouro, cobre, zinco, não, frios demais, duros, estranhos. Pensou carros, computadores, aviões, foguetes, não, frágeis demais, fáceis de estragar e morrer. Vasculhando até descobrir o que seria, ele pensou homem, sim, superior, intenso, consciência. Resolveu ser homem. Arrependeu-se no quarto dia. Tornou-se um mourão de cerca enterrado no brejo. Está feliz, apesar da umidade nos pés.

Rubens da Cunha

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